2007-03-29

O conceito de Animação Sociocultural . . .


A Animação Sociocultural é um conceito multimensional e por isso mesmo, de não fácil definição e conceptualização. Podemos simplificar o conceito, centrando a nossa reflexão nos fins: promoção de mudanças, de processos de desenvolvimento, em grupos e/ou comunidades). Podemos, também, procurar conceptualizar a Animação Sociocultural a partir da explicitação dos seus princípios e modelos de natureza metodológica: implicação activa dos públicos com quem se trabalha na construção, implementação e avaliação de projectos coerentes de actuação suportados num adequado diagnóstico social da realidade; promoção de processos de autonomia e de desenvolvimento sustentado nos grupos e comunidades com quem se trabalha; abordagem sistémica, multidisciplinar e integrada da realidade social e cultural; etc. Ainda assim, a diversidade de âmbitos, de contextos e públicos da Animação Sociocultural e a variedade de instrumentos a que pode recorrer e de actividades concertas em que se traduz, tornam difícil a tarefa de definir com facilidade.
No entanto, podemos defini-la de uma forma geral, citando Rui Canário, “a animação é o eixo estruturador de uma intervenção educativa globalizada que apela a diferentes tipos de articulação: a articulação entre modalidades educativas formais e não formais; a articulação entre actividades escolares e não escolares; a articulação entre educação das crianças e dos adultos” (Canário, 2000a: 136).
Podemos concluir que através de uma intervenção educativa globalizada e participada, a animação desempenha um papel importante na elevação da auto-estima colectiva relativamente a um território e à sua história e património cultural e ambiental e na criação de uma vontade colectiva de mudança.

A crise da Educação Escolar . . .


A situação da educação escolar já há muitos anos que se avizinha «negra» e sem soluções eficazes para a resolução dos seus problemas.
Os alunos estão sujeitos a currículos extensos e repetitivos, dados de forma demasiado rápida e superficial. Os professores, já habituados a esta rotina, não dão a possibilidade de aprofundar um ou outro tema que mais interesse os alunos, nem são capazes de atender às necessidades específicas de cada aluno. A escola passa assim a ser um local de desigualdades e de conflitos, uma vez que alguns se adaptarão melhor do que outros.
Nos últimos anos o governo Português tem tentado combater este insucesso da escola, ao tentar incluir a educação não-formal na educação formal, ou seja, tentando institucionalizar o que não está institucionalizado. No entanto, tais medidas têm se revelado infrutíferas. Não será então o momento de romper de vez com as instituições educativas seguindo o pensamento de Ivan Illich. Segundo ele as actuais instituições deveriam desaparecer e, em seu lugar, ser criados órgãos que estivessem radicalmente ao serviço de cada indivíduo.
O que é curioso é que, apesar de as teses de Illich relativamente ao sistema educativo poderem ser consideradas radicais ou pouco realistas, muitas delas encontram-se hoje parcialmente concretizadas, pelo que é de reconhecer neste autor um certo carácter visionário. Com efeito, a Internet, de uso cada vez mais frequente é tida como indispensável nos dias de hoje, assemelha-se em muitos aspectos às redes de informação e comunicação propostas por Illich.
De igual modo, o recente reconhecimento da importância das escolas profissionais e politécnicas e a valorização dos cursos profissionalizantes, vêm de encontro ao ensino de carácter mais prático e profissionalizante defendido por Illich. Mesmo assim, a nossa sociedade contínua, de uma forma geral, assente na instituição Escola que, de algum modo, alicerça a estrutura e a estabilidade económica e social do mundo actual. Esta escolarização profunda situa-nos longe do grito de libertação preconizado por Illich. Apesar de tudo, cada vez mais existe uma revalorização da educação não-formal e informal, algo que não é apenas justificado pela crise da instituição escolar. No entanto, impulsionou de certa maneira o aparecimento de alternativas educacionais mais flexíveis e mais eficazes no que toca à satisfação das necessidades dos indivíduos, sendo que estas novas alternativas podem mesmo vir a aprofundar essa dita crise da instituição escolar.

2007-03-22

Educação Formal, Não-Formal e Informal


Diferentes formas de ensino são classificadas na literatura como: educação formal, educação não-formal e educação informal.

A educação formal pode ser resumida como aquela que está presente no ensino escolar institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado, e a informal como aquela na qual qualquer pessoa adquire e acumula conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho e no lazer.

A educação não-formal, porém, define-se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino.
A educação formal tem objectivos claros e específicos e é representada principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma directriz educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos ministérios da educação.

A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Os programas de educação não-formal não precisam necessariamente seguir um sistema sequencial e hierárquico de “progressão”. Podem ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem.

2007-03-15

A emergência da Animação Sociocultural


Ao analisarmos a origem e a evolução da animação sociocultural podemos afirmar que a animação enquanto processo difuso sempre existiu, pois está associada à existência humana, e que a animação como método de intervenção ligado às dimensões cultural, social e educativa teve origem na década de 60 do séc. XX, e é proveniente dos países francófonos.
A animação sociocultural surge assim como uma tentativa de resposta ao aumento do tempo livre e à consequente preocupação em ocupá-lo de maneira criativa, e ainda de dar resposta às situações de marginalidade e exclusão social. Os primeiros programas de animação dão atenção ás consequências que derivam da desconstrucção da vida social e um dos objectivos consistia em facilitar as relações interpessoais e a comunicação. Surgiu também como uma forma sócio-pedagógica de intervenção destinada a ocupar criativamente o tempo livre onde se procura que o tempo seja de participação e realização social, um modo de fortalecer a iniciativa da sociedade civil e contribuir para o crescimento social. Aparece também como uma técnica sócio-pedagógica adequada para à promoção da vida associativa.
A animação tem ainda a preocupação com a educação popular, e enquanto prática pedagógica foi adquirindo as seguintes características: ser parasistemática, ter carácter promocional e reivindicativo, compreender os fenómenos socioculturais e que o educando seja activo. É assim, uma forma de intervenção sócio-pedagógica de promoção cultural ou de acção social que procura que as pessoas se situem como agentes activos da sua formação.

Sejam bem-vindos . . .


Sejam bem-vindos ao nosso blog!
Ao longo deste blog iremos postar diversas informações e opiniões sobre a animação socioeducativa e intervenção comunitária. Esperamos que gostem e que respondam às nossas postagens de maneira a enriquecê-las.
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